Cidadão letrado da era da escrita, c-u-i-d-a-d-o! Você está correndo um enorme risco de se tornar de novo analfabeto ou “analfabyte”! Impossível? Claro que não! Se você nunca ouviu falar da cibercultura e do ciberespaço, se você não é capaz de surfar habilmente na Internet, então você já é um novo analfabeto digital, um excluído (ou não incluído) na sociedade virtual do terceiro milênio.
Evolução do conhecimento
O mundo de hoje é palco de uma grande mutação do conhecimento. A velocidade do surgimento e da renovação dos saberes e da tecnologia, pela primeira vez na história da humanidade, faz com que a maioria dos conhecimentos e das competências adquiridas por uma pessoa na vida escolar ou profissional fique totalmente ultrapassada dentro de poucos anos.
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Assim, embora formadas, as pessoas têm de reaprender seu trabalho praticamente todos os dias, atualizando e reciclando conhecimentos e instrumentos. Trabalhar virou, portanto, sinônimo de aprender sempre, transmitir saberes e produzir conhecimentos. Da mesma forma, o que deve ser aprendido não pode mais ser planejado, nem precisamente definido de maneira antecipada. Os conhecimentos se tornaram emergentes, abertos, contínuos, em fluxo, não lineares.
Ciberespaço e as novas tecnologias
Os saberes não moram mais num local físico ou mesmo fixo: não estão mais nos livros, nas bibliotecas, na memória das pessoas. A morada do saber é agora uma região virtual (embora real), situada nas redes de computadores, especialmente a Wide World Web (ou simplesmente Web) e acessadas pela Internet. Isto é o que constitui o ciberespaço, a região dos mundos virtuais. Os grandes projetos técnico-científicos contemporâneos, a operação dos grandes sistemas (financeiros, empresariais, de energia, do governo etc.), o conhecimento disponível no mundo estão todos suspensos no ciberespaço e dependentes das máquinas digitais.
O ciberespaço compreende uma série de novas tecnologias que ampliam grandemente e alteram praticamente todas as funções cognitivas humanas: a memória, a imaginação, a percepção, o raciocínio. Há certos cálculos que a memória e o raciocínio humano não conseguem mais fazer, somente podem ser feitos pelo computador. As imagens da nova era virtual apresentam agora três dimensões, projetam-se no ambiente físico e interagem com a realidade concreta, permitindo, por exemplo, que você aprenda a dirigir um avião por computador, que treine para uma viagem espacial pelo computador, que os médicos façam cirurgias pelo computador. Assim, a simulação virtual tornou-se o modo especial de conhecimento da nova cultura nascente.
A cada dia, novos computadores chegam à Internet. O ciberespaço, ou seja, a interconexão dos computadores do planeta, já se constitui no principal equipamento coletivo internacional da memória, do pensamento, da produção, da gestão e da comunicação, fazendo com que novas formas de acesso à informação, novos estilos de raciocínio e conhecimento possam ser partilhadas entre um grande número de indivíduos, originando uma nova espécie de inteligência coletiva da humanidade, a cibercultura ou a nova sociedade do conhecimento, em que houve uma explosão tanto quantitativa como qualitativa dos saberes e cujo ideal é o intercâmbio de conhecimentos em tempo real (online), independentemente de qualquer barreira geográfica.
A educação na era da internet
A Internet tampouco está parada no tempo. Aumenta, mexe-se e se transforma sem parar. Fala-se até de um segundo dilúvio, o dilúvio de informações, esse saber imensurável que parece flutuar no espaço, deixando em nós uma sensação de impotência e de desorientação. Mas, para o melhor ou o pior, esse dilúvio não terá nenhum refluxo. O que salvar do dilúvio? O que é que colocaremos na arca?
O uso crescente das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa está acompanhando e ampliando uma profunda mutação da relação com o saber. Eis que as novas possibilidades de criação coletiva, de aprendizado cooperativo e de colaboração em rede que constituem a essência do ciberespaço estão realmente desafiando o estilo de pedagogia da escola tradicional.
Assim sendo, a função principal da escola não pode mais ser uma difusão dos conhecimentos, executada doravante com uma eficácia muito maior pelos meios digitais. Sua competência deve deslocar-se para o lado do incentivo para aprender a pensar e, principalmente, aprender a aprender. O professor torna-se, assim, um incentivador da inteligência coletiva dos grupos e sua função passa a ser a de ensinar o aluno a aprender a aprender.
Também, metade da sociedade está (ou gostaria de estar) na escola. A demanda por formação não só está passando por um enorme crescimento quantitativo, como também está sofrendo uma profunda mutação qualitativa, no sentido de uma crescente necessidade de utilização da Internet. Como se torna impossível aumentar o número de escolas e de professores proporcionalmente à demanda de formação, será necessário, especialmente nas regiões mais pobres do planeta, encontrar soluções capazes de multiplicar o esforço pedagógico dos professores e das escolas. Aí é que entra a questão do ensino aberto, realizado através da rede mundial de computadores. O aprendizado à distância, que tem sido durante muito tempo o estepe do ensino, em breve deve se tornar a cabeça dessa nova forma de educação, principalmente no ensino profissionalizante, nos cursos superiores e na formação continuada.
O quadro que acabamos de pintar não é mais uma utopia futurista para daqui a muitos anos. Está acontecendo agora, no nosso mundo, sob os nossos narizes. Se taparmos os olhos e fecharmos os ouvidos, já teremos perdido o bonde da história e estaremos submergindo rapidamente numa nova tragédia social: o inferno dos novos excluídos sociais, os analfabetos digitais ou “analfabytes”.
Conceição Lima
- Cursou Pós-Doutorado em Linguagem no Meio Digital na UNICAMP, Doutorado em Letras na UNESP de Assis, Mestrado em Educação na UFSCar, Pedagogia e Letras também na FESP/UEMG;
- Atuou como Professora de Teoria da Literatura e Linguística do Curso de Letras da Faculdade de Filosofia (atual UNIVERSIDADE DE MINAS GERAIS, campus de Passos) e participou da implantação da UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL, onde atuou como Pesquisadora, Extensionista e Docente de Linguística e Língua Portuguesa;
- Premiada pela XV FEIRA NACIONAL do LIVRO DE RIBEIRÃO PRETO em 2015 e pela ASSOCIAÇÃO JABOTICABALENSE DE CULTURA em 2014, já produziu 23 obras: 11 livros solo (sendo que dois estão ainda em vias de publicação), 3 coautorias e 9 coletâneas, além de artigos, crônicas e poemas em revistas e jornais do país, impressos e online;
- Atualmente é membro da Academia Ribeirão pretana de Letras (ARL), da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras (AFESMIL) e da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto (CPERP).
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